Guia para cuidadores de pessoas com transtorno Bipola

07-10-2013 02:07
Quadro 12. Diferentes tipos de apoio
Alguns exemplos de diferentes tipos de apoio:
Ajuda prática (por exemplo, se a pessoa precisar de carona para ir ao médico ou de ajuda para
cuidar da casa caso esteja doente).
Informações e sugestões (por exemplo, discutir com a pessoa sobre seus recursos ou sobre
informações a respeito da doença).
Companheirismo (por exemplo, conversar e fazer coisas que são interessantes e divertidas
para a pessoa).
Apoio emocional (por exemplo, dizer à pessoa que ela é importante e que acredita em sua
capacidade de lidar com a doença e de ter uma boa vida).
Apoio não verbal (por exemplo, estar disponível para ouvir, monitorizar sintomas ou fazer um
gesto encorajador podem ser formas de dar apoio). Nem sempre é necessário falar para se
dar apoio.
Ajudar a pessoa com um episódio bipolar
Existem formas de se comunicar com a pessoa e ajudá­la quando ela 
está tendo um tipo específico de episódio bipolar.
Comunicar-se calmamente
Quando a pessoa está doente, é melhor não se comunicar com ela de 
modo muito emocional ou com um tom de voz elevado (por exem­
plo, gritando ou expressando preocupação repetidamente e de forma 
emotiva). Tenha em mente que a pessoa está doente e tente não reagir 
por impulso ao que ela possa dizer ou fazer (por exemplo, se ela está 
irritada, tente não responder da mesma forma).
Dar apoio não quer dizer concordar com o que a pessoa diz 
quando está doente. Pode­se aceitar que aquilo que a pessoa diz é 
muito real para ela (por exemplo, “Eu sei que está convencido a se 
despedir do emprego, mas eu não tenho tanta certeza de que isso 
seja uma boa ideia”). Validar seu sentimento por detrás do que 
estão dizendo pode ser uma forma de dar apoio (por exemplo, 
“Consigo ver que está cansado de seu trabalho, mas aguarde até se 
sentir melhor antes de tomar a decisão de se despedir”)Quadro 13. Dicas para apoiar a pessoa com depressão
Se a pessoa está deprimida, é possível, além de apoiá-la no tratamento:
Dizer-lhe que ela é importante e que se preocupa com ela
É bom expressar preocupação com a pessoa, mas não ao ponto de ela se sentir oprimida e
desamparada.
Não obrigue a pessoa a falar ou a “acordar para a vida”
Quando uma pessoa está deprimida, ela pode não ser capaz de dizer o que sente ou qual tipo
de ajuda precisa. Evite dizer à pessoa que tem de se recompor ou ”acordar para a vida”. Por
vezes, simplesmente estar presente, sem dizer o que ela tem de fazer, pode ser reconfortante.
Considere o risco de suicídio
Embora nem todas as pessoas com transtorno bipolar sejam suicidas, a depressão é um 
momento de elevado risco de suicídio. Para mais informação sobre sinais de alerta para o
suicídio e formas como os cuidadores podem ajudar, veja Ajudar a prevenir o suicídio.
Encoraje-a a alcançar pequenos objetivos
Não tente obrigar a pessoa a fazer algo que ela ache muito enervante ou que para ela seja
excessivo. Considere encorajá-la a fazer algo mais fácil, especialmente se isso lhe proporcionar
uma mínima sensação de concretização ou de prazer. Se necessário, divida a tarefa em passos
ainda menores (por exemplo, se estiver mesmo muito doente, convide-a primeiro a tomar sol,
antes de convidá-la a dar um passeio).
Não tente assumir o controle
Se verificar que a pessoa está fazendo as coisas de modo muito devagar, não se sobreponha
nem faça tudo por ela. Se a pessoa estiver tão deprimida a ponto de não ser capaz de concretizar
certa tarefa, considere fazê-la temporariamente ou delegá-la a alguém.
Encoraje uma rotina diária sempre que possível
O humor bipolar pode quebrar a rotina ou os padrões de sono da pessoa, e essa quebra pode
agravar o humor. Por exemplo, dormir durante o dia pode dificultar o adormecer à noite, e deitar
e acordar em horas certas pode ajudar. Ter algo a fazer pela manhã pode ajudar a pessoa
deprimida a levantar-se na hora certa.
Proporcione algum sentido de perspectiva
Ajudar a pessoa a perceber suas conquistas (independentemente de quão pequenas forem)
pode ter um efeito positivo em seu humor. Considere ainda mencionar eventos e experiências
positivas caso estes aconteçam (reconheça quaisquer boas notícias que a pessoa receba).
Tenha em mente que aquilo que conforta uma pessoa não é necessariamente o que 
conforta outrar exemplo, enquanto algumas pessoas com sintomas de depressão pensam que irão se sentir
melhor com o tempo, para outras pessoas esse pensamento pode não significar nada.
Se a pessoa fica apreensiva excessivamente e está preocupada com um problema em 
particular, considere uma das seguintes opções:
diga-lhe que os problemas parecem ser maiores do que são na realidade por causa da doença
e sugira adiar a solução até que a pessoa se sinta melhor;
convide a pessoa a fazer algo que a distraia de suas preocupações;
se a pessoa não estiver muito doente, converse com ela sobre as possíveis soluções para o
problema e ajude-a a fazer algo simples no sentido de resolvê-lo.
Seja amável, paciente e atencioso com a pessoa, mesmo que seus atos não sejam 
recíprocos ou que aparentem não estar ajudando
É possível sentir-se frustrado se seu apoio não aparenta estar ajudando e é compreensível
sentir-se assim. A depressão pode ser persistente. Não pare de dar apoio à pessoa apenas
porque aparentemente ela não está melhorando, apreciando ou retribuindo seus esforços.
Enquanto a pessoa estiver deprimida é difícil apreciar seja o que for. No entanto, ela poderá
ainda necessitar de seu apoio.
É vital tomar conta de si próprio , quando a pessoa que apoia está deprimida, uma vez
que os cuidadores podem ficar exaustos e também deprimidos.
Para ter noção de como lidar com sinais de alerta ou sintomas iniciais de depressão, veja Formas 
de ajudar a pessoa com sinais de alerta de depressão 
 
Redução de conflitos
Algumas pessoas com transtorno bipolar são muito sensíveis a 
interações estressantes (por exemplo, conflito ou crítica angus­
tiante), e isso pode contribuir para uma recorrência de sintomas. 
O transtorno bipolar pode restringir relacionamentos. Caso exista 
conflito em sua relação com a pessoa, pode ser útil informar­se 
Sobre como utilizar boas técnicas de comunicação e sobre as for­
mas que os cuidadores podem utilizar para expressarem queixas 
de forma não hostil e que possa trazer alterações positivas. Em 
relacionamentos, também é importante falar sobre coisas positi­
vas, e não apenas sobre problemas. No entanto, não se culpe pela 
ocasional explosão emocional.
Identificar os sinais de alerta da 
pessoa quando estes ocorrem
Para identificar sinais de alerta, o cuidador precisa:
Estar atento a alterações no comportamento e no modo de pen­
sar habituais da pessoa. Emoções do cotidiano, como alegria ou 
tristeza, devem ser diferenciadas de humores bipolares.
Se a pessoa tem sintomas leves, esteja atento para alterações
que avisem que ela está ficando mais doente ou desenvolvendo 
mais sintomas. É importante manter­se atento a sintomas leves 
entre episódios, uma vez que estes aumentam o risco de a pes­
soa ter recorrências.
 
Guia para cuidadores de pessoas com transtorno bipolar
Tenha cuidado para não questionar se tudo o que a pessoa diz ou 
faz se trata de sinais de aviso, pois isso pode fazer com que se torne 
muito difícil ela aproveitar os momentos em que se encontra bem